Fluminense x Palmeiras: Falhas Individuais Custam Caro no Brasileirão

A torcida do Fluminense deixou o Maracanã com um amargo sabor de frustração, testemunhando a terceira derrota consecutiva em apenas uma semana. Desta vez, o algoz foi o Palmeiras, que reverteu o placar para 2 a 1, com gols de Cano para o Tricolor, e Maurício e Vitor Roque para os visitantes.

Apesar do resultado desfavorável, uma análise superficial poderia sugerir que o desempenho da equipe não foi inteiramente ruim, especialmente durante os primeiros 49 minutos da etapa inicial. O Fluminense demonstrava controle sobre a partida, mesmo sem uma posse de bola superior, e, ainda que não gerasse um volume massivo de oportunidades, tampouco era minimamente ameaçado em sua retaguarda.

Contudo, foram erros individuais gritantes que selaram o destino do confronto. Fábio, com um lance infeliz que resultou em um "frango" no primeiro gol palmeirense, justamente nos acréscimos do primeiro tempo, e Martinelli, que entregou a bola nos pés de Vitor Roque para o gol da virada, foram os principais responsáveis por deixar o time sem pontos mais uma vez. Tais falhas acenderam um sinal de alerta sobre a situação atual do clube.

O Desmoronamento Após o Domínio Inicial

O nível de excelência defensiva exibido durante a Copa do Mundo de Clubes parece ter ficado para trás. O Fluminense que compete atualmente no Brasileirão é uma equipe que enfrenta consideráveis dificuldades para balançar as redes ? prova disso é o único gol marcado em três partidas, originado de um pênalti ? e, em contrapartida, permite que seus adversários o vazem com notável facilidade.

Um indicador inequívoco dessa vulnerabilidade é o aproveitamento das chances pelos oponentes. Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras não necessitaram de mais de três oportunidades claras para superar a defesa tricolor. Foram cinco gols sofridos nestes três confrontos, os primeiros após o Mundial de Clubes. Enquanto os rivais registraram uma média de oito finalizações por jogo nesses duelos, o Fluminense teve uma média superior, de 11,6, mas concretizou apenas um gol, de pênalti.

Para ilustrar a disparidade no aproveitamento, observe a tabela a seguir:

Foto: (Divulgação)

Um Padrão Preocupante Pós-Mundial de Clubes

Renato, o treinador, ofereceu sua perspectiva sobre o cenário. "O que falta é um pouquinho de tranquilidade para tomar decisões, seja passe, seja chute, seja cruzamento. Essa tranquilidade eu falo praticamente todos os dias para eles. Inclusive, dou exemplo de outros jogadores de outros clubes. Mostro vídeos: 'Olha de quem é o desespero, sempre é do zagueiro'. O atacante não pode ter desespero. Ele está numa área protegida, vive numa área protegida, próximo e principalmente dentro da área", declarou o técnico.

Ainda que a responsabilidade muitas vezes recaia sobre o comandante, a raiz do problema parece estar distante de questões táticas ou de escalação. A derrota do Fluminense aponta para uma falha de ordem técnica, de um coletivo que tem cometido erros em demasia tanto no setor ofensivo quanto no defensivo, simplificando a vida dos adversários. Urge encontrar soluções, sobretudo no ataque.

A sequência de confrontos foi, de fato, exigente, com Cruzeiro, Flamengo e Palmeiras ? respectivamente, primeiro, segundo e terceiro colocados do Brasileirão ? enfrentados em um intervalo de apenas seis dias. Contudo, o calendário não oferecerá trégua. Com a proximidade das Copas, o Fluminense precisa encontrar um caminho se ainda almeja disputar títulos. Não há reforço capaz de solucionar tais questões em uma semana. A busca por uma resposta deve ser interna ? e rápida.

A Visão do Comandante e os Desafios Iminentes

No que tange ao esquema de jogo, Renato optou por um alinhamento com três atacantes, similar ao utilizado contra o Cruzeiro, após empregar três zagueiros contra o Flamengo. Thiago Silva iniciou no banco, sendo poupado, e Ignácio assumiu sua posição. No meio-campo, a trinca de volantes composta por Hércules, Martinelli e Nonato, que havia demonstrado eficácia em embates mais duros no mês anterior, foi mantida.

O setor ofensivo, formado por Cano, Soteldo e Serna, atraía as atenções. A principal alteração em relação ao jogo contra o Cruzeiro foi a entrada do camisa 90 no lugar de Arias, que havia sido negociado com o Wolverhampton. E se a disputa pela vaga de Arias estava em aberto, o desempenho de Serna apenas intensificou as dúvidas. Sua atuação foi tecnicamente muito aquém do esperado, contribuindo para que o Tricolor não conseguisse abrir o placar mais cedo, mesmo em um primeiro tempo de evidente domínio.

Ainda que o Palmeiras detivesse a posse de bola por mais tempo, era o Fluminense quem ditava o ritmo do jogo. A equipe utilizava uma pressão média para recuperar a bola próximo ao campo de ataque e afastar o adversário de sua própria área. Essa estratégia, de fato, produziu resultados no controle do jogo.

A Formação Tricolor e as Dificuldades Ofensivas

Contudo, a cada vez que a bola chegava aos pés dos atacantes, os erros de passe aniquilavam as promissoras oportunidades. Serna, por exemplo, cometeu dez passes errados na primeira etapa, e Soteldo, sete. Apesar disso, foi dos pés do venezuelano que surgiram as melhores chances do Tricolor.

A primeira delas foi em um cruzamento de canhota pela linha de fundo, no qual Serna ganhou a disputa aérea, mas errou a cabeçada. O camisa 7 frequentemente apostava em sua qualidade individual para progredir e cruzar para um companheiro na área, na maioria das vezes sem o sucesso desejado. No entanto, foi exatamente assim que o gol do Fluminense nasceu. Um escanteio curto para Soteldo, que avançou com o drible, foi ao fundo e cruzou para Freytes na entrada da área. O zagueiro dividiu com Vitor Roque, sofreu o pisão e conquistou um pênalti, convertido com maestria por Cano.

Os Momentos Fatais e a Frustração Final

A partida estava sob controle até Fábio cometer um erro crasso em uma cabeçada de Maurício, no último lance do primeiro tempo. Aquela foi a primeira finalização do Palmeiras em todo o jogo. A volta do intervalo revelou um Fluminense afobado e nervoso na busca pelo segundo gol.

Aos 48 min do 1º tempo - gol de cabeça de Mauricio do Palmeiras contra o Fluminense

O Verdão, por outro lado, alterou sua postura. Retornou com mais agressividade, pressionando intensamente a saída de bola tricolor. Foi dessa pressão que surgiu o segundo erro crucial. Martinelli tentou um passe atravessado para Freytes e entregou a bola nos pés de Vitor Roque, na meia-lua.

O camisa 9 palmeirense teve apenas o trabalho de driblar o zagueiro argentino e finalizar no canto baixo de Fábio para virar o placar.

Aos 16 min do 2º tempo - gol de dentro da área de Vitor Roque do Palmeiras contra o Fluminense

A partir desse momento, o nervosismo transformou-se em desespero. O Fluminense passou a se lançar ao ataque de qualquer maneira na busca pelo empate e até criou algumas boas oportunidades. A principal delas surgiu em um passe magistral de Fuentes para Keno, livre dentro da grande área, que finalizou a bola para o setor sul superior da arquibancada do Maracanã. Insatisfeitos, os torcedores começaram a vaiar o time, que já não conseguia produzir nada de forma organizada, e a protestar contra a diretoria. Um retrato do fim melancólico de uma noite que havia começado de forma tão promissora.