- FutFlu
- Celso Barros: O Arquiteto Tricolor e as Histórias Inéditas com Jogadores
Celso Barros: O Arquiteto Tricolor e as Histórias Inéditas com Jogadores
Por Redação FutFlu em 17/11/2025 17:15
A despedida de Celso Barros no Fluminense, ocorrida nas Laranjeiras, foi um evento de profunda emoção, reunindo torcedores, atuais e antigos dirigentes, e ex-jogadores. O médico, aos 73 anos, consolidou-se como uma figura central na trajetória do clube ao longo das últimas três décadas, deixando um legado que transcende os cargos formais.
Além de sua atuação como vice-presidente geral, eleito em 2019, e sua candidatura à presidência em 2016, Barros marcou época como o rosto da patrocinadora máster do clube. Por um período de 15 anos, entre 1999 e 2014, a empresa que representava foi a força motriz por trás de contratações de vulto e da conquista de títulos memoráveis, solidificando um período de glórias para o Tricolor.
A presença de Celso era constante nos bastidores e nas celebrações, evidenciando seu envolvimento direto com o cotidiano do time. Ele esteve em campo, por exemplo, nas vitórias dos campeonatos brasileiros de 2010 e 2012, sendo reverenciado por atletas icônicos como Fred e Conca. Para iluminar sua influência, ex-jogadores que conviveram com o médico compartilharam relatos que revelam tanto sua sagacidade no mercado quanto sua generosidade pessoal, incluindo uma astuta jogada contra o Flamengo e um auxílio fundamental a um jovem atleta da base.
O Legado Incontestável de Celso Barros no Fluminense
A trajetória de Celso Barros no Fluminense é um capítulo à parte na história do clube. Sua influência, que se estendeu por décadas, foi fundamental para moldar o destino tricolor em momentos cruciais. Mais do que um dirigente, ele personificou a era de ouro do patrocínio, que permitiu ao Fluminense sonhar e alcançar patamares antes inimagináveis no futebol brasileiro.
Sua capacidade de articulação e sua visão estratégica não se limitavam apenas à esfera administrativa, mas permeavam o próprio ambiente do vestiário, onde construiu relações de confiança e gratidão com os atletas. As histórias que emergem de seu convívio com os jogadores revelam um homem multifacetado, capaz de atuar com rigor nos negócios e com sensibilidade no apoio individual.
A Manobra Genial: Thiago Neves e o "Chapéu" no Rival
Uma das narrativas mais emblemáticas que ressaltam a perspicácia de Celso Barros vem de Thiago Neves, que detalha sua chegada ao Fluminense na transição de 2011 para 2012. O jogador, com o desejo de permanecer no Brasil, encontrava-se em um impasse contratual entre o Al Hilal e o Flamengo, que havia perdido o prazo para exercer a opção de compra.
- Quando saiu essa notícia que o Flamengo não tinha exercido a compra na data certa, tinha deixado passar, o Celso me liga e pergunta, "Thiago, como que está isso aí? Me fala, como que está, porque a gente tem interesse aqui. Me fala como que é". E aí eu expliquei toda a situação para ele, e ele falou assim: "Se eu entrar no circuito você vem?" Eu na hora falei: "Doutor, só me dá uma semana para eu avisar a Patrícia Amorim que eles têm o prazo de uma semana. Se o Flamengo não fizer nada, eu fecho com você".
Após a semana de espera, Barros reiterou a pergunta: "está comigo?". A resposta de Neves foi imediata: "Doutor, se o senhor entrar hoje, está fechado." Em poucos dias, Barros resolveu a questão diretamente com o Al Hilal, concretizando a transferência que resultaria em títulos carioca e brasileiro em 2012. Neves expressa profunda gratidão, classificando a negociação como uma das mais significativas da história do clube, um testemunho da confiança e do impacto que Barros teve em sua carreira e vida pessoal.
O Suporte Fundamental a Joias da Base Tricolor
A generosidade de Celso Barros estendia-se também aos jovens talentos do Fluminense , muitos dos quais enfrentavam desafios significativos no início de suas carreiras. Tartá, revelado nas categorias de base, recorda as dificuldades logísticas que enfrentava para chegar aos treinos em Laranjeiras, vindo de Brás de Pina, na Zona Norte, utilizando transporte público.
- Na medida em que eu fui me destacando ali no profissional, entrando bem, fazendo bons jogos, acabo me atrasando um dia. O treinador Renato Gaúcho me chama a atenção, me pergunta o porquê. Eu passo a situação para ele, que prontamente passa para o doutor Celso. O doutor Celso me inclui naquela lista de grandes nomes que ele tinha, aquelas grandes contratações, jogadores e eu passo também a receber pela Unimed. Isso ajuda muito a mim e a minha família, eu tenho uma gratidão enorme a esse homem por ter sido tão generoso comigo.
Digão compartilha uma história similar de gratidão, que remonta a 2009. Recém-promovido da base, recebia apenas pelo clube. Após a memorável campanha de fuga do rebaixamento naquele ano, em janeiro de 2010, Barros reconheceu seu desempenho. "Ele me dá essa promoção. Essa mudança de patamar, vamos dizer assim, que foi a minha assinatura de contrato com a Unimed, para eu fazer também parte daquele grupo," conta Digão, evidenciando como Barros elevou o status e a segurança financeira de atletas que ainda não eram estrelas consagradas, mas que já mostravam seu valor.
Influência Pós-Patrocínio e o Sonho do Retorno
Mesmo após o término da parceria com a Unimed, a figura de Celso Barros continuou a ressoar nos corredores do Fluminense , e sua influência perdurou. Carlinhos relata que sua saída do clube foi motivada por um impasse contratual, uma vez que o Fluminense não demonstrou interesse em arcar com os valores que a Unimed anteriormente oferecia. "Não ia fazer isso, queimar minha história no Fluminense para ir para o Flamengo," ele afirma, explicando sua decisão de se transferir para o São Paulo.
Em 2016, quando Celso Barros se lançou candidato à presidência do Fluminense , um acordo para o retorno de Carlinhos foi selado, condicionado à sua vitória. "A gente acertou tudo, ele gostava muito de mim e eu muito dele," revela o jogador, expressando lamento pelo fato de a eleição de Peter Siemsen ter impedido essa concretização. Essa história ilustra o forte vínculo pessoal que Barros mantinha com os atletas, mesmo em um cenário de afastamento institucional.
Digão, que também trabalhou com Barros em sua fase como vice-presidente entre 2018 e 2019, reforça a percepção de sua importância contínua e seu lugar na memória tricolor. "Sempre foi um cara que fez parte da história do Fluminense , que vai deixar saudades aí para muitos tricolores," ele conclui, expressando a profunda gratidão e o lugar especial que Celso Barros ocupa em seu coração e no de muitos no clube. A partida de Barros, embora encerre um capítulo, não apaga as histórias e o impacto duradouro de sua gestão, que permanecem como pilares na memória do Fluminense .
Curtiu esse post?
Participe e suba no rank de membros