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Zubeldía no Fluminense: A Profunda Trajetória de um Técnico com 20 Anos de Carreira

Por Redação FutFlu em 08/11/2025 12:13

Luis Zubeldía, o mais novo comandante do Fluminense, enfrenta um período inicial de intensa atividade. Em menos de dois meses à frente da equipe, o argentino já acumulou dez compromissos, marcados por deslocamentos frequentes, triunfos e reveses. Apesar da juventude aparente, aos 44 anos, sua vasta experiência no futebol o capacita a navegar com serenidade pelos inevitáveis altos e baixos da profissão.

A longevidade de Zubeldía na área técnica é notável. Com apenas 44 anos de idade, ele já dedicou duas décadas ao ofício de treinador. Sua imersão em comissões técnicas profissionais teve início em 2005, no Lanús, quando tinha apenas 24 anos. Dois anos e meio depois, aos 27, assumiu o comando principal da equipe, demonstrando uma ascensão meteórica.

A Trajetória Singular: Duas Décadas no Banco

Ao longo dessas vinte temporadas, o técnico percorreu seis nações distintas, imergindo em diversas culturas e acumulando troféus antes de desembarcar no Brasil para dirigir o Fluminense . Sua paixão inabalável pela profissão é o motor que o impulsiona e o faz aceitar os custos inerentes a essa escolha de vida.

O preço que cada um paga pela profissão pode ser alto. Eu vejo meu pai e minha mãe envelhecerem à distância. Porque são 18 anos viajando, estando em lugares distintos. O preço mais alto que eu paguei, o único que considero pagar, é esse. Me alijar dos meus pais, vê-los crescer e, quando nos encontramos, já não são os mesmos. Mas me enriqueceu muito, como pessoa, conhecer culturas distintas, tipos de jogadores, pensamentos diferentes. Não é o mesmo como pensa um argentino, um uruguaio, um brasileiro, um equatoriano e um colombiano. Somos todos iguais, mas gerir é difícil. Cada um é um mundo.

Essas palavras de Zubeldía, em entrevista exclusiva ao ge, revelam a profundidade de seu compromisso e os sacrifícios pessoais que a carreira exige, ao mesmo tempo em que sublinham o enriquecimento cultural e interpessoal adquirido em sua jornada global.

Do Campo à Prancheta: A Reviravolta Precoce

Luis Francisco Zubeldía, originário de Santa Rosa, demonstrou talento para o futebol desde cedo. Era um volante promissor, com passagens pela seleção sub-17, onde enfrentou o goleiro Fábio em uma Copa do Mundo, e também pela sub-20. Ele mesmo se descreveu como ?uma mescla de Hércules e Martinelli ?, indicando sua força e técnica.

Sua precocidade nos gramados chamou a atenção de José Pekerman para a seleção sub-17, e seu desempenho despertou o interesse de grandes clubes, com o Boca Juniors entre os principais. Contudo, foi no Lanús que construiu sua carreira de jogador, uma decisão influenciada por seus pais. Uma promissora trajetória, que prenunciava sucesso internacional, foi abruptamente interrompida por uma grave lesão no joelho esquerdo.

O encerramento precoce de sua carreira como atleta, uma situação potencialmente devastadora, foi superado com notável rapidez. Com o suporte do Lanús, Zubeldía realizou uma transição fluida para a função de treinador das categorias de base, tornando-se, em seguida, auxiliar técnico de Ramón Cabrera no time profissional, um movimento que o impediu de ?ter tempo para sofrer?.

No momento em que estava me desenvolvendo como jogador, sofri a lesão. Creio que acelerei os processos, o que depois prometi não fazer como treinador. Estava sendo uma carreira muito rápida e o corpo cobrou o preço. Não tive tempo para sofrer. Fiquei três anos tentando me recuperar das operações. Quando você faz tudo ? do mesmo jeito que em um jogo, em que faz tudo e não consegue ? foi o que eu senti. Havia feito tudo: as recuperações perfeitamente, ia ao médico, depois treino de força, dormia cedo. Fazia tudo perfeito, mas não ia. Então tirei a mochila, fiz tudo. Essa energia investi na carreira de treinador.

Entre o Microfone e o Apito: A Escolha de uma Vocação

Por pouco, o destino profissional de Zubeldía não seguiu um rumo distinto: o jornalismo. O ex-volante tinha clareza de que desejava permanecer conectado ao universo do futebol. Assim, paralelamente à sua preparação para se tornar técnico, decidiu cursar jornalismo esportivo na Argentina.

O curso durou três anos e, segundo ele, foi fundamental para compreender o funcionamento da imprensa, especialmente no que tange à ética profissional. Contudo, a carreira jornalística não se tornou uma opção definitiva. A explicação reside na falta de uma paixão intrínseca pela área.

Porque acho que é preciso ter paixão por essa profissão. Por todas. E essa paixão por ser jornalista eu não tinha. Teria que ter paixão por escrever, televisão, redes sociais ou rádio. Eu não tinha essa paixão. Então disse: isso não é para mim. Vamos ao futebol.

Desafios e Adaptação: O Comandante no Coração do Rio

Zubeldía foi oficialmente anunciado pelo Fluminense em 25 de setembro. Passados 44 dias no Rio de Janeiro, sua rotina de trabalho intensa tem limitado as oportunidades de desfrutar ou explorar a cidade. Com uma média de uma partida a cada quatro dias, a agenda impede passeios turísticos, que deverão ser postergados para a chegada de sua esposa e filhas.

Ainda assim, o ponto turístico preferido da família Zubeldía já está bem estabelecido. ?Minha esposa conheceu o Maracanã, para a gente é muito significativo. Há certos estádios que ficam na nossa cabeça. Passei pelo Morumbi no ano passado. Agora, com o Maracanã. Estivemos no Azteca também, na Concachampions. Para gente que trabalha com futebol, estar nessas catedrais do futebol já é muito. Fui no Pão de Açúcar, é lindo, a praia também. Mas o Maracanã, o Maracanã, é o cenário mais lindo que poderia ter?, declarou o treinador, evidenciando a reverência pelo templo do futebol carioca.

Parte integrante de sua adaptação ao Brasil, país onde já comandou o São Paulo na temporada anterior, é o domínio do idioma. O técnico opta por conceder entrevistas em espanhol, mas faz questão de que todos se comuniquem com ele em português. Ele prefere ouvir a língua para auxiliar na imersão e no aprendizado, seja no CT, nas coletivas ou em interações cotidianas, mas ainda não se sente seguro para se expressar fluentemente.

Estou estudando português. Primeiro, não quero faltar com respeito à língua. Para falar mal, prefiro não falar. Segundo, pelo interpretativo. Às vezes, uma palavra errada... Depois, não podemos desmentir o que vão postar nas redes sociais minuto a minuto. Então prefiro falar meu idioma. Entendo que é chato traduzir, interpretar. Mas fico tranquilo com a palavra que queria dizer. Mas podem falar em português comigo, porque entendo tudo, ou quase tudo.

O técnico argentino recebeu duas incumbências primordiais: garantir a classificação do time para a Libertadores via Campeonato Brasileiro, objetivo que a equipe vem perseguindo com sucesso, e preparar o elenco para a semifinal da Copa do Brasil, que terá início contra o Vasco em 11 de dezembro.

No Brasileirão, o próximo compromisso do Fluminense será neste domingo, às 16h, contra o Cruzeiro, no Mineirão, em confronto válido pela 33ª rodada do torneio.

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