Setor Vazio no Maracanã: O Impacto da Estratégia do Flamengo na Estreia do Brasileirão

A primeira aparição do Flamengo no Campeonato Brasileiro, um embate que culminou em um empate por 1 a 1 contra o Internacional, no último sábado, trouxe à tona uma discussão que transcendeu as quatro linhas. Apesar da expectativa dos torcedores em rever o time após um hiato de treze dias, o que verdadeiramente capturou a atenção e viralizou nas redes sociais foi a imagem de um setor inteiro do Maracanã completamente desocupado, um detalhe que saltou aos olhos das câmeras de transmissão.

O setor em questão, a Leste Superior, visivelmente vazia, gerou um burburinho considerável. Com uma capacidade para aproximadamente oito mil espectadores, essa área não foi disponibilizada para a comercialização de ingressos, o que provocou uma série de manifestações e queixas por parte da torcida nas plataformas digitais. O estádio, que registrou um público total de 48.452 pessoas, exibia todos os demais setores preenchidos, tornando a lacuna na Leste Superior ainda mais notória.

A Estratégia Financeira em Xeque no Templo do Futebol

A decisão de manter parte do estádio inacessível ao público não foi fortuita. O clube, que havia implementado um reajuste nos valores dos ingressos, com aumentos que variavam de 11% a 50% em comparação com o ano anterior, abriu a venda para a partida no início da semana. Contudo, considerando o horário noturno do jogo (21h), a previsão inicial de público não era das mais otimistas. Diante desse cenário, a diretoria optou por bloquear não apenas a Leste Superior (com capacidade para 7.950 pessoas), mas também partes da Sul Superior (níveis 2 e 5, com 5.000 lugares), visando uma redução de custos operacionais.

Essa tática consiste em liberar áreas previamente bloqueadas apenas quando os setores já abertos atingem a lotação máxima. Uma prática já utilizada em algumas partidas do Campeonato Carioca deste ano, a estratégia foi repetida, focando nos setores considerados de mais fácil gestão logística para fechamento. Embora uma parte da Sul Superior tenha sido eventualmente aberta e vendida, a Leste Superior permaneceu inalterada, mantendo-se inacessível aos torcedores.

Repercussão e o Dilema da Gestão de Receitas

As críticas dos torcedores, amplamente difundidas, apontavam para uma suposta perda financeira do Flamengo com essa abordagem. A percepção era de que o clube abdicava de receita potencial ao não maximizar a ocupação do estádio. Nesse contexto, a análise de Arthur, da Voz da Torcida, ganha relevância:

"Elenco curto custa caro para o Flamengo"

Apesar das contestações, os números revelam um panorama mais complexo. O clube registrou o maior público e renda nas estreias do Campeonato Brasileiro no Maracanã nos últimos anos, superando marcas recentes, com exceção do ano de 2022. Essa performance financeira, mesmo com o setor vazio, convida a uma reflexão sobre a eficácia da estratégia de bloqueio de assentos, que busca equilibrar custos e otimizar a receita sem comprometer a saúde financeira do clube.

Abaixo, uma tabela detalha o histórico de público e renda das estreias do Flamengo no Maracanã pelo Brasileirão:

* Jogos com portões fechados por causa da pandemia da Covid-19.** Jogo da 32ª rodada porque o Maracanã ficou 10 meses fechado para as Olimpíadas.

Próximos Desafios e o Retorno ao Maracanã

A equipe rubro-negra agora se prepara para uma sequência de compromissos fora de casa, enfrentando o Deportivo Táchira na Venezuela, pela Libertadores, e o Vitória no Barradão, em partida válida pelo Brasileirão. O reencontro com o Maracanã está agendado apenas para o dia 9 de abril, quando o Flamengo receberá o Central Córdoba, da Argentina, em mais um confronto pela competição continental. Será uma nova oportunidade para o clube reavaliar suas estratégias de público e para a torcida, talvez, ver o "Templo do Futebol" em sua capacidade máxima.