Futuro de Xerém em Jogo: Poucas Oportunidades para Jovens no Flu 2025

A tradição de valorizar e integrar os "Moleques de Xerém" sempre foi um pilar do sucesso e orgulho do Fluminense. Em temporadas recentes, seja para evitar o rebaixamento ou na escalada para conquistas históricas, a contribuição dos atletas formados em casa demonstrou ser um diferencial. Contudo, o cenário de 2025 apresenta uma realidade distinta e preocupante para a nova geração tricolor.

Enquanto nomes que foram cruciais em 2023, como John Kennedy, enfrentam desafios, a realidade para a base tricolor em 2025 é de um espaço cada vez mais restrito. No atual ciclo, apenas Martinelli, um volante já consolidado no elenco principal há cinco temporadas, figura entre os 23 jogadores com maior tempo em campo. A ausência de outros jovens nesta lista de protagonismo levanta questionamentos sobre a estratégia do clube.

O Pouco Espaço para a Nova Geração de Xerém

Aprofundando na análise, Riquelme Felipe emerge como o segundo atleta oriundo da base a aparecer na lista de minutagem, ocupando a 24ª posição. Com 753 minutos distribuídos em 22 partidas, vale ressaltar que em 16 dessas oportunidades ele ingressou no decorrer dos jogos, vindo do banco de reservas. Ele representa um dos raros quatro jovens que, após a promoção ao time profissional, participaram de mais de duas partidas na temporada em curso.

Além de Riquelme , apenas outros três talentos tiveram mais de duas atuações com o time principal desde o retorno das férias do elenco profissional, na quarta rodada da Taça Guanabara. São eles: o meio-campista Isaque, já negociado com o Shakhtar Donetsk após 11 jogos; o lateral-direito Julio Fidelis, com 5 aparições; e o zagueiro Davi Schuindt, que somou 4 jogos. Os demais jovens atletas só tiveram a chance de entrar em campo quando a comissão técnica optou por escalações completamente reservas na fase de grupos da Sul-Americana, evidenciando uma oportunidade pontual e não um plano de integração consistente.

Elenco Robusto e a Preferência por Veteranos

Parte significativa da reduzida participação dos jovens pode ser atribuída ao tamanho do elenco do Fluminense para a temporada de 2025. Com a chegada de 15 novos reforços, o grupo de atletas ultrapassou a marca de 30 nomes, intensificando a concorrência por vagas. Essa disputa ao longo da temporada tem pendido para os jogadores mais experientes, que acumularam maior minutagem e foram mais acionados pelas três diferentes comissões técnicas que comandaram o clube em 2025: Mano Menezes, Renato Gaúcho e Zubeldía.

Os dados do Gato Mestre confirmam essa tendência, revelando que o Fluminense utilizou apenas nove jogadores com idade inferior ou igual a 23 anos no atual Campeonato Brasileiro. Este número posiciona o tricolor como o sétimo time que menos recorre a atletas sub-23 entre os 20 participantes da Série A. Em um comparativo, o Palmeiras, um dos clubes com maior investimento na liga, já escalou 14 jogadores sub-23, sendo 11 deles sub-21. No extremo oposto, entre os cinco clubes que menos utilizam jovens talentos, figuram Sport, Mirassol, Ceará, Vitória e Flamengo.

A Visão de Zubeldía e a Média de Idade

Desde que assumiu o comando do Fluminense em 25 de setembro, o técnico Zubeldía priorizou o conhecimento aprofundado do elenco profissional e a preparação da equipe para a Copa do Brasil. Questionado sobre a utilização dos atletas da base, o treinador argentino indicou que essa seria uma pauta para o médio prazo, sinalizando que a integração imediata não era seu foco principal.

No período de oito partidas sob sua gestão, Zubeldía utilizou 16 jogadores diferentes em suas escalações iniciais e um total de 25 atletas. Desses, apenas três possuem 23 anos ou menos: John Kennedy, Bernal e Riquelme . A média de idade dos 25 jogadores acionados pelo técnico argentino atinge 30,3 anos, um indicativo claro da preferência por experiência no atual momento. A tabela a seguir detalha a composição etária do elenco utilizado:

A diminuição das oportunidades para os talentos de Xerém em 2025 é um fato que merece atenção. Com um elenco robusto e a priorização da experiência, o Fluminense enfrenta o desafio de equilibrar a busca por resultados imediatos com a manutenção de uma política que sempre foi motivo de distinção e sucesso: a valorização de sua base.