Fluminense x Inter: A Invicibilidade Tricolor e o Encontro com a Camorra de Maradona!

O Fluminense se prepara para um confronto decisivo nesta segunda-feira, 30 de outubro, quando enfrentará a Internazionale de Milão pelas oitavas de final do Mundial de Clubes. Um oponente de peso, reconhecido por sua força como o atual vice-campeão do continente europeu. No entanto, o histórico do clube das Laranjeiras contra formações italianas é um trunfo: em quatorze embates, o Tricolor jamais conheceu a derrota, acumulando dez triunfos e quatro igualdades.

Mas, dentre esses duelos, um em particular ecoa com uma peculiaridade que transcende o campo de jogo, envolvendo um dos maiores nomes da história do futebol e a enigmática sombra da máfia italiana. Trata-se do último encontro com um time da Itália, ocorrido em 20 de agosto de 1989, um amistoso contra o Napoli na cidade de Avellino, que culminou em um triunfo tricolor por 1 a 0, com um gol de falta de Edgar aos vinte e oito minutos da etapa complementar.

Naquela ocasião, o adversário era uma verdadeira potência, ostentando em seu elenco estrelas como Maradona, Careca e Alemão. A equipe do sul da bota rivalizava diretamente com os gigantes de Milão, Inter e Milan, e se sagraria campeã na temporada 1989/1990. Contudo, o Fluminense encarou os napolitanos desfalcados de suas principais figuras: Careca e Alemão estavam a serviço da seleção brasileira, e Maradona, supostamente, desfrutava de férias na Argentina. No entanto, a imprensa italiana da época apresentou uma versão bem mais complexa e intrigante para a ausência do craque.

A Lenda e a Verdade por Trás do Mistério de Maradona

Diego Maradona era uma figura polarizadora na Itália: amado incondicionalmente por Nápoles, mas frequentemente alvo de hostilidade e suspeita no restante do país. Os holofotes estavam invariavelmente voltados para Don Diego, e a apenas um ano da Copa do Mundo que seria sediada na Itália, a preferência dos torcedores napolitanos pela seleção argentina em detrimento da Squadra Azzurra era um comportamento que irritava profundamente a parcela mais abastada e conservadora do país.

Inúmeras foram as investidas para associar o gênio argentino à infame Camorra, a organização criminosa que detém o controle do sul da Itália. Veículos de comunicação, de periódicos a emissoras televisivas, exploravam de forma sensacionalista uma suposta conexão íntima entre Maradona e os círculos mafiosos. Contudo, é crucial ressaltar que nenhuma dessas alegações obteve qualquer comprovação factual, permanecendo no campo da especulação e da intriga midiática.

E para a partida contra o Fluminense , a narrativa não seria diferente. A ausência de Maradona em campo, para a frustração de alguns jornalistas brasileiros presentes na tribuna do Estádio Comunale Partenio, gerou questionamentos imediatos. Onde estaria o camisa 10? A resposta veiculada pelos colegas da imprensa italiana foi quase uníssona: Maradona estaria recebendo ameaças da Camorra e, por isso, adiando seu retorno à Itália, como foi publicado na edição do dia 21 de agosto de 1989 do 'Jornal dos Sports'.

A verdade, porém, era bem mais prosaica. Maradona não enfrentou o Fluminense naquela ocasião, e não por qualquer ligação (que jamais existiu) com a máfia. Ele simplesmente estava de férias, em um merecido período de descanso para recarregar as energias. O objetivo era retornar em plena forma para a próxima temporada, calar a imprensa e o restante da Itália com seu talento inquestionável e, assim, proporcionar a felicidade geral da apaixonada torcida de Nápoles.

Foto: (Divulgação)

O Desafio Tricolor em Terras Italianas: Histórico e Conquistas

Apesar da ausência das estrelas napolitanas, o Fluminense demonstrou sua força e tradição naquele amistoso. O clube carioca, com sua rica história em confrontos internacionais, soube impor seu jogo e garantir mais um resultado positivo em solo italiano, reforçando sua notável invencibilidade contra equipes daquele país.

A série invicta do Fluminense contra clubes italianos começou muito antes, em 1961, quando enfrentou a própria Internazionale no San Siro, empatando em 1 a 1. Foi nesta excursão que Waldo, o maior artilheiro da história do clube, encantou os europeus com seu desempenho, culminando em sua negociação para o Valencia, da Espanha. Esse histórico reforça a capacidade do Tricolor em se adaptar e performar em diferentes contextos do futebol mundial.

A Vitória Histórica e Seus Protagonistas

O triunfo por 1 a 0 sobre o Napoli, com o gol decisivo de Edgar, não foi apenas mais uma vitória, mas um marco que sublinhou a qualidade do elenco tricolor da época. A escalação do Fluminense naquele dia, sob o comando do técnico Procópio, demonstrava uma equipe aguerrida e taticamente disciplinada, capaz de superar adversários de alto nível, mesmo em um contexto de amistoso internacional.

A partida também foi marcada por um episódio curioso, com as expulsões de Ricardo Pinto e Donizete. Contudo, para preservar o espírito do amistoso, o árbitro "permitiu" a substituição do goleiro, uma flexibilização incomum das regras que demonstrava o caráter daquele encontro.

Confira a formação do Fluminense naquele confronto memorável contra o Napoli:

A história do Fluminense é repleta de momentos assim, onde o clube não apenas compete, mas escreve capítulos que se entrelaçam com as grandes narrativas do futebol mundial. A invencibilidade contra times italianos, culminando naquele amistoso com o Napoli e seu pano de fundo intrigante, é mais uma prova da grandeza e da relevância do Tricolor das Laranjeiras no cenário esportivo internacional.