Fluminense: Thiago Silva Brilha, Cano Fracassa – Notas da Partida

A vitória do Fluminense sobre o Juventude, embora tenha garantido preciosos três pontos, revelou um desempenho coletivo que beirou a preocupação. Em uma partida onde a equipe parecia desconectada e sem ritmo, a figura de Thiago Silva emergiu como o salvador improvável, anotando um gol de voleio nos instantes finais que evitou um tropeço constrangedor. Em contraste, a noite foi de absoluto esquecimento para Germán Cano, cuja atuação foi considerada a mais fraca em campo, simbolizando a inoperância ofensiva do time.

O roteiro do confronto no Campeonato Brasileiro foi uma sucessão de equívocos e pouca criatividade. O Fluminense entrou em campo com uma rotação significativamente abaixo do que a importância do jogo exigia, falhando na construção de jogadas e na contenção do adversário. A insistência em passes longos e imprecisos, somada à falta de controle no meio-campo, desenhou um cenário de apreensão que perdurou até o apito final.

O Resgate Heroico de um Capitão Experiente

Thiago Silva , o zagueiro de renome internacional, teve uma performance que oscilou entre a frustração e o brilho. Inicialmente, o defensor cometeu mais erros de passe do que o habitual na saída de bola, demonstrando certo incômodo com a estática movimentação dos seus companheiros. Sua insatisfação era palpável, levando-o a se projetar ao ataque na reta final do jogo em busca de uma solução.

Aos 39 minutos do segundo tempo, Silva arriscou um chute que quase resultou em gol. No entanto, foi no último minuto da partida que o capitão se agigantou. Com um voleio preciso, ele não apenas balançou as redes, mas literalmente salvou o Fluminense de um resultado adverso, transformando uma atuação mediana em um momento de pura redenção.

Um Coletivo Desarticulado e Cheio de Dúvidas

A performance geral da equipe deixou muito a desejar. Fábio, o goleiro, quase se complicou com a bola nos pés e por pouco não cedeu um gol contra, embora tenha realizado uma defesa crucial no primeiro tempo. Samuel Xavier, na lateral, teve pouca participação na construção ofensiva e falhou na marcação defensiva em uma ocasião que quase custou caro. Freytes, na zaga, insistiu em bolas longas ineficazes e teve dificuldades nos duelos com Rafael Bilu. Renê, também na lateral, foi marcado por inúmeros erros de passe na saída e contribuiu pouco no início das ações ofensivas, atuando quase como um volante sem a bola.

No meio-campo, Martinelli sofreu com a pressão na saída de bola, retendo-a excessivamente em situações que geraram perigo para o adversário. Hércules, por sua vez, demonstrou desconforto com a posse, errando passes longos e se embaraçando na construção das jogadas, apesar de ter arriscado um chute perigoso na segunda etapa. Lima, com pouquíssima participação na criação, continua a enfrentar dificuldades quando exigido como peça central na articulação ofensiva do time. A tabela abaixo detalha as avaliações dos jogadores:

O Setor Ofensivo em Débito: A Noite Atípica de Cano

Se a defesa e o meio-campo apresentaram falhas, o ataque foi o setor que mais frustrou. Germán Cano, um dos pilares ofensivos da equipe, teve uma atuação catastrófica, com a nota mais baixa da partida. O atacante errou praticamente todas as jogadas que tentou, demonstrando incapacidade de dar continuidade a qualquer ação quando recebia a bola fora da área. Uma noite para ser rapidamente esquecida pelo artilheiro.

Canobbio, que começou pela direita com a intensidade que lhe é característica, falhou em todos os cruzamentos tentados e não conseguiu finalizar quando as chances apareceram. Serna, por sua vez, teve poucas oportunidades para explorar sua principal característica ? a velocidade em campo aberto ? e pareceu desconectado do restante da equipe, produzindo muito pouco. Em um cenário de escassez ofensiva, John Kennedy foi o único a sair do banco e realmente produzir, sendo responsável pelos lances mais perigosos na segunda etapa. Riquelme Felipe, apesar de errar a maioria das jogadas, teve o mérito de dar a assistência para o gol salvador de Thiago Silva no último minuto.

Questionamentos ao Comando Técnico de Luis Zubeldía

Apesar da vitória, o desempenho da equipe sob o comando de Luis Zubeldía gerou sérios questionamentos. O time demonstrou uma falta de intensidade alarmante desde o início, não conseguindo sair da defesa com fluidez e insistindo em bolas longas que se mostravam ineficazes. A ausência de controle no meio-campo foi uma constante, expondo fragilidades táticas que culminaram em uma das piores partidas desde a chegada do treinador argentino.

A capacidade de Zubeldía de ajustar o time durante o jogo, ou de prepará-lo para a intensidade necessária, foi posta em xeque. Mesmo com os três pontos garantidos, a forma como a equipe se portou em campo sugere que há um trabalho significativo a ser feito para que o Fluminense reencontre a consistência e o bom futebol que se espera de um time de sua envergadura.