Fluminense SAF: Detalhes da Proposta Agitam Cenário Pré-Eleitoral

A recente divulgação pela diretoria do Fluminense, na noite de segunda-feira (8), de uma proposta para transformar o clube em Sociedade Anônima do Futebol (SAF), elevou significativamente a temperatura no ambiente político tricolor às vésperas da eleição de novembro. Esta iniciativa é apresentada como proveniente de um fundo de investimentos sob a gestão da LZ Sports, liderado pelo empresário Carlos de Barros. No entanto, a forma como o processo tem sido conduzido já gerou manifestações veementes de pré-candidatos nas redes sociais, que se posicionam contra a proposta, a qual ainda dependerá de aprovação em votações no Conselho e entre os sócios.

As principais objeções giram em torno do montante de R$ 500 milhões e do prometido aporte de R$ 6,4 bilhões distribuídos ao longo de uma década. Além disso, questionamentos sérios foram levantados sobre a integridade do procedimento, que está sob a coordenação do banco BTG, apontado como o principal interessado na aquisição do departamento de futebol e das categorias de base de Xerém.

Um dos mais vocais críticos, Celso Barros, pré-candidato à presidência, não poupou palavras ao descrever a situação:

"Isso é um estelionato eleitoral a poucos meses da escolha do novo presidente. No fim das contas, o único dinheiro novo que a proposta apresenta são esses R$ 500 milhões, um valor irrisório perto do que realmente vale o clube. E os R$ 6,4 bilhões parcelados por tantos anos são, a rigor, dinheiro gerado pelo próprio Fluminense. Além do mais, incluir Xerém nesse pacote é revoltante diante das joias que saem de lá."

Barros complementou sua crítica com um tom nostálgico e combativo:

"Onde estavam esses tais 'tricolores milionários' quando o clube estava na Série C? Eu estava lá, ajudando a reerguer o Fluminense, que logo depois ganhou diversos títulos. Eles parecem preocupados com tudo, menos com o clube?"

Essa declaração sublinha uma percepção de oportunismo, questionando a presença desses investidores em momentos de dificuldade do clube.

Os Pilares Financeiros da Proposta de SAF

A proposta detalha a alocação do investimento total de R$ 6,4 bilhões ao longo dos dez anos de contrato. A distribuição dos recursos, conforme divulgado, prevê as seguintes áreas de aplicação:

Em contrapartida aos defensores da proposta, Rafael Rolim, pré-candidato a vice-presidente na chapa de Celso Barros, trouxe uma perspectiva comparativa, analisando os valores apresentados em relação a clubes como Flamengo, Palmeiras e Botafogo. Ele também expressou preocupação com uma cláusula específica que impediria a distribuição de dividendos entre os proprietários caso não houvesse lucro.

Fluminense em Cenário Nacional: Uma Análise Crítica dos Investimentos

Rolim questionou o posicionamento estratégico do Fluminense diante de tal proposta:

"O que me chamou a atenção foi o Fluminense já se colocar, na largada, em um papel secundário, com investimentos abaixo de alguns rivais. Vamos transformar o clube em SAF para sermos um Bayern de Munique ou um Borussia Dortmund?"

Sua indagação sugere que os termos propostos não colocam o clube em uma posição de destaque ou de competitividade de elite no cenário nacional e internacional.

Finalizando sua avaliação, Rolim enfatizou a fragilidade percebida nos mecanismos de proteção do clube:

"É muito frágil, não protege o clube como deveria. Há uma série de maneiras de fazer isso de forma mais eficiente, mas a cláusula não foi bem negociada pelo presidente do Fluminense."

Esta crítica aponta para uma falha na negociação, sugerindo que os interesses do Fluminense podem não estar totalmente resguardados nos termos atuais da SAF.