Fluminense: O Que Esperar de John Kennedy com Zubeldía no Comando?

A chegada de Zubeldía ao Fluminense, marcando o retorno às vitórias sobre o Botafogo após um hiato de três anos, não apenas trouxe novos ares ao ambiente tricolor, mas também reacendeu um debate persistente: a efetiva utilização de John Kennedy. O jovem atacante, que retornou ao clube no meio do ano após um período de empréstimo ao Pachuca, tem encontrado pouquíssimo espaço na equipe, configurando-se como uma das primeiras e mais complexas questões a serem endereçadas pelo novo comandante argentino.

Desde seu retorno ao Rio de Janeiro, o desempenho de John Kennedy em campo tem sido modesto. Os registros do Gato Mestre do ge apontam que o jogador participou de apenas seis confrontos, somando escassos 142 minutos de jogo. Desses, apenas 48 minutos foram como titular em uma única partida, enquanto os 94 minutos restantes foram acumulados como reserva. A ausência de impacto se estende aos números ofensivos, sem gols ou assistências creditados ao seu nome neste período. Seu último tento pelo Fluminense foi registrado em 29 de maio de 2024, na vitória por 3 a 2 sobre o Alianza Lima, pela Libertadores, antes de seu período de empréstimo. De fato, a promessa de Xerém acumula mais de um ano sem balançar as redes pelo clube Tricolor.

O Desafio da Reintegração: Dados e Perspectivas

A situação atual de John Kennedy contrasta dramaticamente com o potencial que já demonstrou. Sua passagem pelo México, por exemplo, foi marcada por um brilho intenso. No Pachuca, o atacante rapidamente se tornou uma peça fundamental, contribuindo com nove gols e uma assistência em apenas 12 partidas. Vestindo a camisa 10, sua capacidade de decidir jogos e aclamar a torcida foi inegável, especialmente em momentos de dificuldade da equipe mexicana.

A tabela a seguir ilustra a baixa participação de John Kennedy desde sua volta ao Fluminense :

Foto: (Marcelo Gonçalves/Fluminense FC)

A Visão de Zubeldía sobre o Atacante

Questionado sobre John Kennedy após a vitória por 2 a 0 sobre o Botafogo, o técnico Zubeldía expressou sua intenção de utilizá-lo, mas enfatizou a responsabilidade mútua entre comissão técnica e atleta. O argentino delineou as qualidades do jogador, comparando-o a outros nomes do elenco:

É um jogador interessante. Creio que é antagônico ao Cano e ao Everaldo, tem essa velocidade de 15 metros. Define bem, tem gol, como o Cano. Everaldo já é mais atacante de centro e pode trabalhar mais com a equipe em certas funções para ter mais opções de gol e poder completar. No caso do John Kennedy, vamos seguir trabalhando com ele, o colocar bem física e mentalmente. Me disseram que ele estava bem, já passou a situação de sair de uma equipe, voltar e se readaptar.

O treinador fez questão de frisar que a evolução do jogador depende de um esforço conjunto, dividindo a tarefa de reintegração em partes iguais. Ele concluiu sua análise sobre o atacante com um tom de expectativa, mas também de exigência:

Ele pode conseguir coisas muito interessantes com a equipe. Mas é 50% de nós e 50% dele. Isso em quase todos os jogadores. Não 80% para o treinador, não é assim. 50% eu e 50%. Mas tem de dar, de vontade, energia e treinamento. Creio que vai fazer. Hoje, pelo jogo tinha que reter mais a bola, trabalhar em bola parada, parecia que o melhor era o Everaldo . Não porque não queria ele, mas tenho consideração, o conheço, sei quem é.

O Histórico de Retornos e a Expectativa

A trajetória de John Kennedy no Fluminense é marcada por idas e vindas. Esta é a segunda ocasião em que o clube o cede temporariamente e, posteriormente, o reintegra ao elenco . Em 2023, após um empréstimo ao Ferroviária para a disputa do Campeonato Paulista, o atacante retornou e se tornou peça fundamental na histórica campanha que culminou na conquista da Conmebol Libertadores. Aquela experiência demonstrou sua capacidade de se reerguer e ser decisivo em momentos cruciais.

A expectativa em torno de John Kennedy, portanto, é sempre alta, dada sua comprovada capacidade de desequilibrar partidas. Contudo, a adaptação ao esquema de Zubeldía e a superação da barreira da pouca minutagem exigirão não apenas o trabalho da comissão técnica, mas também uma significativa dose de empenho e resiliência por parte do próprio jogador. O desafio de extrair o máximo potencial do atacante é um dos enigmas mais interessantes que se apresentam ao novo técnico tricolor.