Fluminense: Escolhas Estratégicas e o Impacto no Brasileirão

A recente derrota do Fluminense por 1 a 0 para o Corinthians, em pleno Maracanã, pela 23ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2025, reacendeu um debate crucial sobre as escolhas estratégicas da equipe. O gol de Matheuzinho selou mais um resultado adverso, mas foi a escalação de um time praticamente reserva que realmente delineou a tônica do segundo semestre tricolor.

A performance aquém do esperado e a decisão de poupar grande parte dos atletas titulares não passaram despercebidas. O técnico Renato Gaúcho, sob cuja batuta o Fluminense é o único clube brasileiro ainda ativo em três frentes de competição ? Brasileirão, Copa Sul-Americana e Copa do Brasil ?, justifica as constantes alterações pela exigência física imposta por jogos a cada três dias.

A Estratégia de Renato e Seus Desdobramentos

Contudo, a partida contra o Corinthians extrapolou a simples rotação de elenco. Dos dez jogadores de linha que iniciaram o confronto anterior contra o Bahia, oito sequer foram relacionados para o duelo com o alvinegro paulista. Tal postura sugere uma evidente priorização da Copa Sul-Americana, cujo embate de quartas de final contra o Lanús, na Argentina, aguarda o clube na próxima terça-feira.

Apesar das evidências, o treinador Renato Gaúcho mantém a retórica de que não há hierarquia entre as competições. Em suas palavras, a gestão do elenco é uma necessidade incontornável:

? No momento não estamos priorizando nada. Nós estamos procurando sempre avançar nas três competições. Aí você pode falar ?hoje foi um time totalmente diferente?. Foi um time totalmente diferente porque eu não posso colocar o mesmo time três dias depois. Simples. Então a gente procura pontuar o máximo no Campeonato Brasileiro e procura sempre conseguir a classificação nas copas. Nós temos, terça-feira, um jogo pela Sul-Americana, dificílimo, na Argentina, que a gente vai, lógico, com força máxima, porque na outra terça-feira a gente decide em casa. E, nesse meio, tem o Vitória. Tem que pensar, é viagem para cima e para baixo, desgaste. A cada três dias, não tem condições ?

Essa justificação, embora compreensível sob a ótica da saúde dos atletas, contrasta drasticamente com a disparidade de desempenho do clube nas diferentes frentes.

Contrastes de Desempenho: Copas x Brasileirão

Enquanto o Fluminense alimenta o sonho de glórias nas competições eliminatórias, o cenário no Campeonato Brasileiro se torna cada vez mais preocupante. O retrospecto recente na liga nacional é alarmante, com a equipe acumulando três partidas sem vitória ? um empate e duas derrotas consecutivas. Ampliando a análise para os dez jogos disputados no Brasileirão desde o término da Copa do Mundo de Clubes, o Fluminense contabiliza seis revezes, um contraste marcante com o desempenho nas copas.

Para ilustrar essa dicotomia, observemos os números:

Os dados revelam uma clara divergência na performance, com o foco e os resultados se inclinando fortemente para as competições de mata-mata.

O Caminho Espinhoso no Campeonato Brasileiro

Após a fase de quartas de final da Sul-Americana, a agenda do Fluminense será dominada por confrontos do Brasileirão, pelo menos até a data-base de 22 de outubro, prevista para a partida de ida da semifinal do torneio continental. A semifinal da Copa do Brasil, por sua vez, só ocorrerá em dezembro, após o encerramento da liga nacional.

Contudo, a expectativa de um período de maior descanso é ilusória. Além da densidade de jogos inerente ao Campeonato Brasileiro, o Fluminense ainda terá que cumprir duas partidas atrasadas durante as próximas Datas Fifa, intensificando ainda mais o calendário.

Atualmente na 10ª posição da tabela, com 28 pontos, o Tricolor se encontra a sete pontos do G-6, cuja fronteira é ocupada pelo Botafogo, com 35. Preocupa ainda mais a distância para a zona de rebaixamento: apenas seis pontos separam o Fluminense do Vitória, o primeiro time no Z-4 com 22 pontos.

O próximo adversário no campeonato é justamente o Vitória, em um confronto agendado para o próximo sábado, às 16h, no Barradão. Este jogo, inserido entre as duas partidas decisivas da Sul-Americana, levanta novamente a questão sobre a possibilidade de Renato Gaúcho optar por poupar os titulares, mantendo o dilema entre a busca por títulos nas copas e a segurança no Brasileirão.