Fluminense e Athletico: A Aliança Estratégica que Garantiu o Acesso à Série A

No intrincado universo do futebol brasileiro, onde rivalidades e disputas por vezes ofuscam a cooperação, emerge uma narrativa de bastidores que sublinha a importância das relações estratégicas. A ascensão do Athletico Paranaense à Série A do Campeonato Brasileiro, um feito notável, teve uma parcela significativa de sua engenharia construída nos corredores da diretoria do Fluminense, evidenciando uma parceria crucial e, em certa medida, inusitada.

A gestão do Tricolor das Laranjeiras, com seu presidente Mário Bittencourt à frente, não apenas observou, mas ativamente contribuiu para a reestruturação do Furacão. As indicações feitas pela cúpula tricolor foram elementos determinantes na campanha que culminou na retomada de uma posição na elite do futebol nacional pelo clube paranaense.

O próprio presidente do Fluminense , Mário Bittencourt, exerceu influência direta sobre o técnico Odair Hellmann, persuadindo-o a retornar ao Brasil após um período de dois anos atuando na Arábia Saudita. Hellmann, então, foi prontamente recomendado ao presidente do Athletico, Mario Celso Petraglia, que na ocasião buscava um substituto qualificado para Maurício Barbieri, demitido no início do mês de maio.

A Arquitetura da Reconstrução: O Papel Estratégico do Fluminense

A confiança depositada por Petraglia nas sugestões de seu colega do Fluminense estendeu-se além da figura do treinador. Bittencourt também apresentou o nome de Eduardo Freeland, um experiente diretor de futebol, ao mandatário athleticano. A aceitação dessas propostas se materializou rapidamente: Odair Hellmann foi anunciado pelo Athletico ainda em maio, e a contratação de Freeland seguiu no mês subsequente, consolidando as peças-chave indicadas.

Odair Hellmann, que já havia comandado o Fluminense em 2020 durante o primeiro mandato de Mário Bittencourt, deixara o clube com uma campanha promissora no Brasileirão para aceitar uma proposta do Al-Wasl, dos Emirados Árabes Unidos. Sua experiência e o conhecimento de seu trabalho foram fatores que certamente pesaram na recomendação.

À frente do Athletico, a performance de Hellmann é amplamente reconhecida como um dos pilares da ascensão à primeira divisão. Sua chegada coincidiu com uma recuperação impressionante no segundo turno do campeonato. O treinador assumiu a equipe na 11ª colocação e, sob sua orientação, o clube encerrou a temporada como vice-campeão, um testemunho eloquente de sua capacidade de gestão e estratégia.

O Impacto Imediato: Reforços Chave e a Virada de Jogo

Paralelamente ao trabalho de Hellmann, Eduardo Freeland, já conhecido de Bittencourt por passagens em clubes cariocas como Botafogo e Flamengo, desempenhou um papel crucial nos bastidores. Sua atuação foi vital na janela de transferências do meio do ano, período em que o clube conseguiu contratar reforços que se revelaram fundamentais para a virada de chave e a consequente retomada no campeonato.

O sucesso das indicações do presidente tricolor não passou despercebido pela diretoria do Athletico. Houve um reconhecimento explícito e uma profunda gratidão, uma vez que a participação indireta de Mário Bittencourt foi percebida como decisiva, chegando a "salvar" a temporada rubro-negra e direcioná-la para um desfecho vitorioso.

Legado e Continuidade: O Futuro de uma Relação Vencedora

É importante notar que o presidente tricolor, Mário Bittencourt, está em vias de concluir seu mandato, deixando o cargo após quatro anos de gestão. Sua saída, programada para o próximo dia 20, dará lugar a Mattheus Montenegro, eleito recentemente. Contudo, a expectativa é que o bom relacionamento estabelecido entre as diretorias, construído sobre a base de confiança e resultados, persista e continue a ser um ponto de conexão entre os clubes, independentemente das mudanças nas cadeiras presidenciais.