Celso Barros e Fluminense: As Contratações Épicas que Definiram Uma Era

O cenário do futebol brasileiro perdeu uma figura emblemática neste sábado, com o falecimento de Celso Barros, ex-presidente da Unimed e um dos pilares da transformação do Fluminense. Sua gestão à frente da empresa de saúde coincidiu com o período de patrocínio ao clube, entre 1999 e 2014, um ciclo que permitiu a formação de algumas das equipes mais robustas e vitoriosas da história tricolor.

A união entre o Fluminense e a seguradora, personificada por Celso Barros, teve início em um momento de extrema fragilidade para o clube, que então disputava a Série C. Graças ao substancial aporte financeiro, a instituição conseguiu reerguer-se, retornar à elite do futebol nacional e conquistar títulos de grande relevância, incluindo a Copa do Brasil de 2007 e os Campeonatos Brasileiros de 2010 e 2012. Além das glórias domésticas, o período também foi marcado por duas campanhas de vice-campeonato continental, na Copa Libertadores de 2008 e na Copa Sul-Americana de 2009.

O Legado de Celso Barros: Uma Era de Transformação Tricolor

Inicialmente focada na recuperação do clube, a parceria rapidamente ganhou projeção nacional com a chegada de grandes estrelas. As contratações e os salários desses atletas eram integralmente custeados pela empresa patrocinadora. Abaixo, destacamos alguns dos nomes mais impactantes que passaram pelo Fluminense durante essa fase de ouro:

Bancado pela patrocinadora, Romário desembarcou nas Laranjeiras em 2002, ostentando o status de grande nome para o centenário do Fluminense . Em três temporadas, o "Baixinho" disputou 75 partidas e balançou as redes em 47 ocasiões. Com sua presença, o Fluminense alcançou a semifinal do Campeonato Brasileiro logo no ano de sua chegada, embora tenha sido posteriormente eliminado pelo Corinthians.

Em 2004, o Fluminense orquestrou a montagem de um de seus elencos de maior renome neste século. Celso Barros realizou um investimento vultoso para trazer, em uma tacada só, Edmundo, Roger Flores e Ramon, que se juntaram a Romário para compor um quarteto ofensivo de alto calibre.

As Primeiras Estrelas: Do Baixinho à "Turma da Confusão"

Contudo, a grande expectativa por títulos cedeu espaço a inúmeras controvérsias. Aquele time ficaria eternizado pela célebre frase de Romário, proferida ao se referir ao técnico Alexandre Gama: "entrou no ônibus agora e quer sentar na janela". Edmundo e Roger também foram protagonistas de desavenças e entrevistas que marcaram a memória dos torcedores.

A conquista da Copa do Brasil de 2007, o primeiro título nacional da parceria, impulsionou um investimento ainda maior, alimentando o sonho de erguer a taça da Libertadores em 2008. O Fluminense , que retornava ao torneio continental após 23 anos, buscou reforços de peso, com o suporte financeiro da patrocinadora.

Nomes como Riquelme e Falcão García foram sondados, mas as negociações não se concretizaram. Isso, entretanto, não diminuiu a força daquela janela de transferências, que trouxe Dodô, então astro do Botafogo, Washington, artilheiro do Mundial de Clubes pelo Urawa Reds, além de Leandro Amaral e Conca, figuras proeminentes do Vasco da Gama. O Fluminense chegou à decisão da Libertadores, mas foi superado pela LDU.

A Ambição Continental: Reforços para a Glória e o Vice

Em 2009, o Fluminense identificou a necessidade de um artilheiro, e o investimento foi substancial para repatriar o camisa 9 que atuava no Lyon. Fred se revelaria a contratação mais acertada de toda a parceria, consolidando-se como um dos maiores ídolos da história do clube. Ele foi peça fundamental nas campanhas que culminaram no bicampeonato brasileiro em 2010 e 2012, durante sua primeira passagem na era do patrocínio.

A chegada do meio-campista luso-brasileiro Deco é, até os dias atuais, considerada uma das maiores contratações do século no futebol nacional. Vindo do Chelsea em 2010, Deco conquistou o Campeonato Brasileiro duas vezes, em 2010 e 2012, e encerrou sua carreira em 2013, deixando uma marca indelével nas Laranjeiras.

A contratação de Thiago Neves figura entre as mais onerosas da história do Fluminense . Em 2012, foram desembolsados R$ 16 milhões para trazer de volta o meia, que havia tido uma passagem pelo Flamengo. Em valores absolutos, esta transação ocupa a sexta posição histórica, mas, ao considerar a inflação, representa o maior investimento do clube até os dias atuais.

Ídolos Eternos e Conquistas Nacionais: Fred, Deco e Thiago Neves

Ao lado de Fred, Deco e Wellington Nem, Thiago Neves foi um dos protagonistas do tetracampeonato brasileiro do Fluminense , conquistado em 2012.

O último grande investimento da patrocinadora no Fluminense foi o retorno do ídolo Darío Conca. Após ser o maestro do time no título Brasileiro de 2010 e se transferir para a China no ano seguinte, o argentino retornou em 2014 para novamente assumir um papel central na equipe.

Entretanto, sua segunda passagem foi breve. Aquele ano foi marcado pelo rompimento entre o clube, representado pelo presidente Peter Siemsen, e Celso Barros. O investimento da Unimed foi encerrado no início da temporada seguinte, e Conca deixou o clube, citando problemas internos como motivo de sua partida.