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Violência Política na Baixada: Assassinatos Dobram e Preocupam o RJ

Por Redação FutFlu em 14/10/2025 20:35

Um levantamento recente do Observatório das Favelas, intitulado "Violência e Crime no Cotidiano da Política", divulgado hoje (14), acende um alerta vermelho sobre a escalada da letalidade política na Baixada Fluminense. O estudo revela um total de 65 óbitos com motivação política registrados na região ao longo da última década, um número que tem demonstrado uma trajetória de crescimento ininterrupto. Nos últimos dois anos, a situação se agravou notavelmente, com o registro de doze mortes, um salto significativo em comparação às cinco vítimas contabilizadas no período anterior.

A predominância desses incidentes em áreas de vulnerabilidade social é uma constante, conforme observou André Rodrigues, que coordena a pesquisa. "a maioria dos casos, sem dúvida, ocorre em áreas periféricas, com concentração na Baixada Fluminense . Mesmo na capital, os casos se concentram na zona norte e oeste", afirmou Rodrigues. Surpreendentemente, o escopo da investigação se estendeu à Baía de Ilha Grande, englobando municípios como Paraty e Angra dos Reis. Essas localidades, tradicionalmente associadas ao turismo e percebidas como menos violentas ou periféricas, foram incluídas por um motivo específico.

Geografia da Violência: Expansão Metropolitana e Territórios Vulneráveis

Leandro Marinho, coordenador-executivo da pesquisa, esclarece a inclusão dessas áreas. Ele aponta que "Elas vêm passando por um processo de disseminação da lógica metropolitana, como a expansão de milicianos. Há cidades entre as mais favelizadas do país, com altas taxas de homicídio, histórico de conflitos por terra, especulação imobiliária e poucos dados mapeados". Essa dinâmica sugere uma capilaridade da violência que transcende as fronteiras tradicionais da periferia, alcançando regiões em transformação acelerada.

A maior parte dos dados compilados no relatório abrange o intervalo entre janeiro de 2022 e junho de 2025, um período de dois anos e meio de intensa efervescência política. Este recorte temporal engloba momentos cruciais, como a eleição presidencial que marcou um dos picos de polarização na história recente do Brasil, bem como as eleições municipais realizadas no ano passado, ambos cenários propícios ao acirramento de tensões e confrontos de interesses.

Atores e Cenários: Quem Agride e Onde Ocorre a Violência Política

A análise dos perfis dos agressores e das vítimas revela padrões preocupantes. Políticos foram identificados como perpetradores em 59 ocorrências de agressão, enquanto policiais figuram como autores em 58 casos. Essa quase paridade é um dado que merece profunda reflexão, especialmente quando se observa outro ponto em comum: todas as agressões foram registradas em áreas sob domínio do tráfico de drogas. Curiosamente, territórios controlados por milícias apresentaram um volume significativamente menor de intervenções policiais, indicando uma dinâmica distinta de controle e segurança.

No que tange às motivações, aproximadamente um terço dos episódios de violência política teve como pano de fundo divergências ideológicas, misoginia, transfobia e racismo. A vulnerabilidade de grupos específicos é evidente: entre 2022 e 2024, o número de casos direcionados a pessoas negras saltou de 17 para 30. Este aumento é particularmente paradoxal, visto que, no mesmo período, as eleições municipais registraram, pela segunda vez na história eleitoral brasileira, a maior proporção de candidatos negros, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Padrões de Ataque: A Ausência de Aviso e a Letalidade Silenciosa

Embora as agressões verbais constituam a forma mais comum de violência, a pesquisa destaca um dado alarmante sobre a natureza dos ataques. As ameaças representam apenas 10% do total, um índice consideravelmente inferior ao de execuções e atentados, que somam expressivos 24%. Essa disparidade sugere que grande parte das vítimas foi alvo de ataques súbitos, sendo morta ou atingida por disparos sem qualquer tipo de aviso prévio. A ausência de ameaças impede a adoção de medidas preventivas de segurança, expondo as vítimas a um risco ainda maior.

A pesquisa é fruto de uma colaboração entre o Observatório das Favelas, uma organização da sociedade civil fundada em 2001 no Conjunto de Favelas da Maré, e importantes centros de estudo. Parcerias com o Laboratório de Estudos sobre Política e Violência (LEPOV) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e com o Laboratório de Análise da Violência (LAV) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) garantem a profundidade e a credibilidade dos dados apresentados, oferecendo um panorama crucial para a compreensão da violência política no estado do Rio de Janeiro.

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Comentado em 14/10/2025 22:12 Essas notícias pesadas, mas Flu tá na luta firme!
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