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Fluminense: Relatório de Gestão de Mário Bittencourt e o Futuro Financeiro do Clube
Por Redação FutFlu em 19/09/2025 21:32
O Fluminense Football Club, em um movimento de transparência e prestação de contas, divulgou na última sexta-feira (19) o relatório detalhado referente aos seis anos da administração de Mário Bittencourt. Empossado como o 35º presidente do clube em junho de 2019, o mandatário apresentou um panorama dos principais marcos de sua gestão, enfatizando a trajetória de reestruturação do clube que culminou no reequilíbrio financeiro e na conquista de títulos históricos, como a Copa Libertadores de 2023.
A documentação entregue detalha uma fase de significativa transformação, onde o clube teria superado desafios estruturais para alcançar um novo patamar de estabilidade. Essa jornada, conforme o próprio presidente, não se limitou ao campo esportivo, mas estendeu-se à esfera administrativa e financeira, pavimentando o caminho para um futuro mais promissor.
A Trajetória Financeira da Gestão Bittencourt: Um Olhar Detalhado
Um dos pontos mais salientes do relatório é o notável crescimento da receita operacional, um fator que se mostrou crucial para o êxito da gestão ao longo desses seis anos. O clube conseguiu, segundo o documento, duplicar sua receita média, mesmo atravessando os complexos anos da pandemia de 2020 e 2021. Em uma análise mais ampla, entre 2019 e 2024, a receita do Fluminense triplicou, evidenciando um desempenho financeiro robusto.
Os números apresentados são expressivos e ilustram a dimensão dessa evolução:
| Ano | Receita Anual Operacional |
|---|---|
| 2019 | R$ 219,1 milhões |
| 2024 | R$ 684,1 milhões |
Essa ascensão financeira permitiu ao clube uma maior margem de manobra, como explicitado pelo presidente em sua comunicação:
"Tivemos grandes momentos nesses seis anos. O clube alcançou recordes de receita, conseguiu previsibilidade para honrar compromissos e obteve melhores negociações em contratos. Conquistamos estabilidade e capacidade de tomar decisões de médio e longo prazo em ambiente de menor incerteza. E tudo isso se refletiu em campo, com a conquista de grandes títulos"
Fontes de Alavancagem: Patrocínios e Vendas de Atletas
O aumento substancial na receita anual foi impulsionado, principalmente, por duas frentes estratégicas: a captação de novos patrocínios e a concretização de vendas de atletas em valores recordes na história do clube. A gestão demonstrou habilidade em monetizar sua marca e seu elenco, transformando-os em pilares financeiros.
No que tange aos patrocínios, a evolução é igualmente impressionante, saltando de R$ 9,3 milhões em 2019 para uma projeção de R$ 86,3 milhões em 2025. Já no capítulo das vendas de jogadores, o Tricolor acumulou um montante aproximado de R$ 800 milhões. É relevante notar que, entre as dez maiores transações de atletas na história do Fluminense , sete ocorreram sob a atual administração, sublinhando a eficácia dessa estratégia de capitalização.
O Desafio da Dívida e a Busca pela SAF
Apesar do crescimento exponencial das receitas, o relatório não omite o desafio persistente da dívida do clube. Em 2019, o passivo totalizava R$ 865 milhões. Houve uma momentânea redução para R$ 741 milhões dois anos depois, em 2021. Contudo, nos últimos três anos, a dívida retomou seu patamar inicial, atingindo novamente os R$ 865 milhões.
Essa elevação do endividamento, conforme o próprio documento, é diretamente proporcional ao incremento dos investimentos no setor esportivo, que, por sua vez, contribuíram para o aumento da receita anual. Este cenário complexo, de receitas crescentes e dívida estável em patamares elevados, tem sido um dos grandes dilemas da gestão.
| Ano | Dívida Total |
|---|---|
| 2019 | R$ 865 milhões |
| 2021 | R$ 741 milhões |
| Atual | R$ 865 milhões |
É em virtude desse panorama que o Fluminense intensificou os estudos para a eventual transição para o modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Após três anos e meio de análises aprofundadas sobre a melhor estrutura, a proposta para a criação da empresa que gerenciará o futebol foi encaminhada ao Conselho Deliberativo em 8 de maio. O modelo em estudo prevê a formação de um fundo composto por tricolores de alto poder aquisitivo, que adquiririam cotas da nova empresa, tornando-se sócios majoritários com uma participação de 65%.
Concluindo sua carta, o presidente Mário Bittencourt expressou um sentimento de dever cumprido:
"Presto estas informações com sentimento de dever cumprido. Trabalhar pelo Fluminense é trabalhar pelo passado, presente e futuro ao mesmo tempo, em cada decisão. É honrar sua tradição construindo as bases de seu futuro. Foi isso o que procurei fazer. Desde já muito obrigado a todas e a todos que me permitiram doar cada minuto desses seis anos à minha maior paixão"
Este relatório não é apenas um balanço, mas um convite à reflexão sobre a complexidade da gestão de um clube de futebol, onde o sucesso em campo e a saúde financeira caminham lado a lado, muitas vezes em um delicado equilíbrio.
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