Fluminense Fora da Sula: Onde o Tricolor Errou na Derrota para o Lanús?

A recente e surpreendente eliminação do Fluminense nas quartas de final da Copa Sul-Americana será lembrada pela maneira como o Tricolor permitiu que partidas controladas escorressem por entre os dedos. A história se repetiu tanto na Argentina, na semana anterior, quanto nesta terça-feira, no Maracanã. O Lanús, com produção mínima, conseguiu balançar as redes duas vezes em 180 minutos. Em contrapartida, a equipe carioca exibiu uma notável falta de precisão e recomposições defensivas ineficazes.

De forma similar ao que já havia acontecido em La Fortaleza, o gol da equipe Granate surgiu de uma transição defensiva tricolor deficiente. O ritmo da jogada lembrava as "peladas" de fim de ano, e nem mesmo assim o Fluminense conseguiu neutralizar o lento contragolpe adversário. O foco agora deve se voltar para a busca de uma recuperação no Campeonato Brasileiro e uma preparação mais robusta para as semifinais da Copa do Brasil, agendadas para dezembro.

As Escolhas Táticas e o Início da Partida

O técnico Renato Gaúcho promoveu o retorno de Samuel Xavier, ausente por lesão por quase um mês. Nonato e Ganso foram desfalques notáveis, com Lucho Acosta assumindo a titularidade na meia-central. Do lado argentino, Mauricio Pellegrino manteve a mesma formação que havia iniciado o confronto da semana anterior, com o experiente centroavante Walter Bou permanecendo no banco de reservas.

Desde o apito inicial no Maracanã, o Fluminense agiu conforme o esperado. Assumiu o controle do jogo, gerou oportunidades e rapidamente reverteu a vantagem obtida pelo Lanús na Argentina. A primeira etapa transcorreu sem que a defesa tricolor sofresse grandes ameaças. Canobbio, em uma atuação destacada, marcou um belíssimo gol de voleio ainda na primeira metade do tempo inicial, coroando seu excelente desempenho.

O Ritmo Que Se Perdeu e a Eficácia dos Pontas

Contudo, faltou ao time carioca a regularidade necessária para sustentar o volume e o ritmo dos primeiros 30 minutos. O ímpeto tricolor diminuiu na sequência, permitindo que o Lanús aumentasse seu tempo de posse de bola no campo de ataque. Embora essa mudança não representasse um perigo iminente, ela foi suficiente para os argentinos respirarem e para a impaciência da torcida começar a se manifestar.

A maioria das jogadas de perigo do Fluminense foi criada a partir de arrancadas pelos flancos, com Canobbio e Kevin Serna. Posicionados abertos, eram acionados rapidamente após os roubos de bola do Tricolor. Muitos desarmes e interceptações forçaram erros do Lanús no campo de defesa, deixando os visitantes sem alternativas de ataque por longos períodos, recorrendo a passes diretos sem sucesso.

Lucho Acosta contribuiu de forma significativa em alguns momentos, especialmente no lance do gol, com uma assistência lúcida de cabeça para Canobbio. Kevin Serna iniciou a jogada e tabelou com Martinelli antes da finalização, demonstrando superioridade sobre Gonzalo Pérez. Marcich, por sua vez, certamente terá pesadelos com as investidas de Canobbio.

Desafios na Criação e Mudanças no Intervalo

Quando a defesa do Lanús se postava mais fechada, e os ataques do Fluminense se iniciavam da linha defensiva, o Tricolor encontrava mais dificuldades para criar. Erros se multiplicaram à medida que a equipe se aproximava da área adversária. Everaldo foi um dos jogadores que mais gerou frustração na torcida, hesitando em momentos cruciais para finalizar ou tabelar, além de cabecear mal cruzamentos de Renê e Serna.

Samuel Xavier realizou diversos apoios pelo centro, deixando a amplitude pela direita a cargo de Canobbio. Pela esquerda, Renê avançava menos, mas conseguiu chegar ao terço final do campo em algumas ocasiões. Thiago Silva e Freytes foram eficientes em rebater ou controlar quase todos os passes verticais tentados pelo Lanús nos momentos de pressão do Fluminense .

Germán Cano e Otávio foram as opções de Renato Gaúcho para o segundo tempo, substituindo Everaldo e Hércules. A etapa complementar teve um atraso de mais de 20 minutos além do tempo regulamentar para começar, devido a uma grande confusão envolvendo a torcida do Lanús, o que gerou preocupação entre os jogadores argentinos em campo.

A Reviravolta e o Gol Fatal

Quando a bola voltou a rolar, o Fluminense concentrou suas ações pelo lado direito, aproveitando as excelentes conexões entre Canobbio e Samuel Xavier para se aproximar do segundo gol. O uruguaio cabeceou para uma defesa de Losada, que também realizou uma ótima intervenção em um chute forte de Martinelli de dentro da área.

Pellegrino não demorou a fazer alterações que já haviam sido testadas na semana anterior, com Walter Bou e Aquino substituindo os discretos Castillo e Segovia. As bolas paradas também se tornaram uma arma importante para os mandantes. Freytes e Thiago Silva levaram perigo ao concluir cruzamentos de Acosta e Serna, respectivamente, mas faltou precisão para finalizar as jogadas.

O futebol, frequentemente, pune equipes que não concretizam suas oportunidades. E a conta não demorou a chegar para o Tricolor. Renê errou um passe no campo de ataque, e Salvio puxou um contragolpe lento. Mais lenta ainda foi a transição defensiva do Fluminense , que permitiu uma bela tabela entre Aquino e Marcelino Moreno antes que o primeiro empatasse o jogo.

O Desespero Final e o Desfecho Cruel

Keno, John Kennedy e Riquelme foram as últimas cartadas de Renato Gaúcho. Serna, Acosta e Canobbio deixaram o gramado. Os anfitriões se desestabilizaram consideravelmente nos minutos seguintes ao gol sofrido, multiplicando os erros. O Lanús esteve muito perto de virar a partida em um chute cruzado de Marcich, e Otávio foi um dos jogadores que mais se equivocou no segundo tempo pelo lado tricolor.

O Fluminense só voltou a assustar o adversário mais de 15 minutos após o empate, na base do abafa e das bolas alçadas na área. Cano, em um cruzamento de Riquelme , chutou de primeira e mandou por cima. Keno conseguiu algumas boas ações pela esquerda, mas sua finalização em direção ao gol foi bloqueada. Nos acréscimos, Cano ainda acertou a trave esquerda, um desfecho ainda mais cruel para o Tricolor.