Fluminense Escapa, mas Alerta para Libertadores Soou Alto no Maracanã

O Fluminense conquistou uma vitória magra de 1 a 0 sobre o Juventude, em partida válida pela 28ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2025, disputada no Maracanã. Embora o gol de Thiago Silva tenha garantido três pontos cruciais, a performance da equipe esteve muito aquém do esperado para um time que almeja uma posição no G-6 da tabela. A conquista, apesar de fundamental, não refletiu o mérito em campo.

A fragilidade da atuação tricolor pode ser espelhada em um dado alarmante: apenas uma finalização na direção do gol foi registrada pela equipe carioca. Esse número é ainda mais preocupante quando se considera que o adversário, o Juventude, possui a defesa mais vazada do Brasileirão, com 53 gols sofridos em 28 confrontos. Uma ineficiência ofensiva que levanta sérias questões sobre a capacidade criativa do elenco.

A exibição do Fluminense foi, sem rodeios, penosa de se assistir, marcando possivelmente os momentos de menor qualidade técnica desde que Zubeldía assumiu o comando. Os jogadores pareciam desconectados, apresentando baixa intensidade e uma notável desorganização tática. A coesão do time, que em outros momentos foi seu ponto forte, esteve completamente ausente.

Desconexão Tática e Falhas Individuais

A estratégia inicial de pressão alta no campo adversário desmoronou rapidamente. Sem a devida compactação, o Fluminense facilitava a saída de bola do Juventude, que, com dois ou três passes, encontrava espaços pelo meio para explorar as costas da defesa, especialmente pelo lado esquerdo do campo, ocupado por Renê e Freytes. A fragilidade defensiva foi uma constante preocupação.

Quando tinha a posse da bola, a equipe não demonstrava a vivacidade necessária. A rotação do jogo era lenta, e a capacidade de encontrar brechas na zaga adversária se mostrava limitada. O time frequentemente recorria a passes para trás e a uma insistência sem sentido em bolas longas, que raramente encontravam seu destino.

O atacante Germán Cano, atuando como referência, teve outra jornada para esquecer. O argentino não conseguiu dar sequência a quase nenhuma jogada, e na maioria das vezes em que tocou na bola no primeiro tempo, o lance terminou em perigo para a meta defendida por Fábio? e não para a de Jandrei. A ineficácia de Cano é um sinal claro de que o campo clama por John Kennedy na titularidade.

Ações no Segundo Tempo e Limitações Persistentes

Apesar do desempenho constrangedor antes do intervalo, o técnico Zubeldía optou por manter a mesma formação inicial para o segundo tempo. Não se pode negar que o Fluminense apresentou uma ligeira melhora ? afinal, o sarrafo estava extremamente baixo ?, mas ainda assim, o futebol exibido na etapa final foi muito aquém do necessário. A única jogada de perigo real veio de uma bola parada, com Freytes cabeceando para dentro da área, prontamente afastada pela zaga gaúcha. A principal evolução foi na marcação, com menos sustos na defesa e uma recuperação de bola mais célere.

As entradas de John Kennedy e Fuentes, aos 14 minutos, trouxeram um fôlego de agressividade e aumentaram a criatividade do time, especialmente por parte do centroavante. No entanto, os erros técnicos continuaram a limitar o desempenho geral da equipe, impedindo que essa agressividade se convertesse em chances claras de gol.

Os pontas, Serna e Canobbio, atravessaram uma noite de pouca inspiração, marcada por passes simples errados, pouca combinação com os laterais e tomadas de decisão equivocadas. Serna, que havia chegado ao Rio poucas horas antes da partida após o período com a sua seleção, foi o primeiro a ser substituído. Em seu lugar, Riquelme entrou, agregando juventude e vontade, mas com uma contribuição técnica limitada. A pressão pela vitória, tratada como obrigatória, levou a equipe a um estado de desorganização e desespero, e o jovem atacante foi um reflexo disso, tentando o drible em excesso e perdendo a maioria das disputas.

O Resgate Inesperado e a Liderança de Thiago Silva

A situação se tornou ainda mais tensa com as entradas de Soteldo e Everaldo, que desfrutam de pouca paciência da torcida. As vaias que acompanharam seus ingressos em campo intensificaram um clima que já era de extrema ansiedade. Um minuto antes, Giovanny havia carimbado a trave esquerda de Fábio , na melhor chance do Juventude em toda a partida, aumentando o drama.

No abafa final, enquanto o Juventude tentava a todo custo consumir o tempo com cera, o Fluminense se lançou ao ataque mais na base do desespero do que da organização, cruzando bolas na área sem a menor efetividade ou perigo para o gol de Jandrei. Foi em uma nova tentativa de cera do goleiro gaúcho, que excedeu o limite de oito segundos com a bola nas mãos, que o desinteresse do Juventude em jogar foi punido, cedendo um escanteio ao Fluminense .

Na sequência da jogada, Riquelme recebeu de John Kennedy, cruzou a bola, que desviou em Peixoto e encontrou o voleio de Thiago Silva para morrer na rede. Um gol que transcende a jogada, evidenciando a figura de liderança que o zagueiro representa para o time, um resgate do espírito que a equipe precisa mais do que nunca. O próprio técnico Zubeldía, apesar de reconhecer a fragilidade da performance, tentou extrair um lado positivo da conquista: "Tem outro sabor", afirmou, referindo-se ao gol nos instantes finais.

Projeções: A Necessidade de Uma Transformação Imediata

O Fluminense sobreviveu a uma de suas piores exibições recentes e saiu do Maracanã com três pontos. Contudo, se a intenção é, de fato, brigar com concorrentes como Botafogo, Bahia, São Paulo e Vasco por uma vaga na Libertadores, será imperativo apresentar um nível de futebol significativamente superior nas próximas rodadas. A vitória, embora fundamental, serviu como um alerta severo para a necessidade de uma transformação imediata.